Escolas particulares encontram chave para educação socioemocional nos fundamentos do SEE Learning

Você provavelmente já esteve nesse lugar. O lugar da pessoa que sabe que quer fazer diferente, mas não sabe por onde começar. Ou ainda, o lugar da pessoa que entende exatamente onde quer chegar, mas que não tem um caminho muito bem estruturado para seguir. Nesses momentos, fica ainda mais evidente o quanto a construção de pontes e conexões se faz necessária, facilita a nossa vida e amplia horizontes, né? Já passou pela experiência de encontrar, sem querer, exatamente aquilo que te faltava?

Foi mais ou menos esse o caminho que a dupla Maria Terezinha e Cleide Cabral percorreu até o SEE Learning. Terezinha é psicopedagoga e Cleide é educadora. As duas trabalham em parceria com o Colégio Nacional, uma rede de escolas particulares que atua da educação infantil ao pré-vestibular, em Uberlândia, Minas Gerais. E elas passaram tempos e tempos procurando por um programa de educação socioemocional que se encaixasse bem na proposta pedagógica do colégio.

O SEE Learning (do inglês, Social, Emotional and Ethical Learning) é um curso de aprendizagem para corações e mentes. Aplicado no Brasil pela ONG Gaia+, mesma instituição que está por trás do Fique Bem, trata-se de um programa internacional desenhado para fomentar a aprendizagem social, emocional e ética em todos os níveis da educação básica. O curso é elaborado pelo Centro de Ciência Contemplativa e Ética Baseada em Compaixão da Emory University, e é focado em levar compaixão para dentro da sala de aula.

A busca por um programa que atendesse bem

"Antigamente, quando a gente nunca tinha ouvido falar em programa socioemocional, a gente já sabia de algumas coisas, de forma intuitiva. A gente não sabia que existia um nome para essa educação, mas a gente já sabia de que as emoções faziam parte do pensamento, e que ninguém aprende nada sem que os sentimentos estejam envolvidos", conta Cleide.

Segundo a educadora, há alguns anos e de forma orgânica, um professor de física do pré-vestibular criou o costume de sentar com as crianças da educação infantil, formando uma roda de conversa, e, nesse papo, acolhia os alunos. Contudo, sem formação adequada, esse professor se viu diante do desafio de ter que lidar com assuntos e com emoções dos alunos que não sabia como encarar. Diante disso, Cleide foi atrás de alternativas de programas socioemocionais e encontrou algumas.

"Nós trabalhamos com muita seriedade e até colaboramos para o desenvolvimento de um programa do Rio de Janeiro que aderimos, mas ainda não era um programa com a nossa cara. Pensamos então em criar um programa em casa, o Educa-te. Foi aí que chamei a Terezinha e ela me apresentou o material do SEE Learning", afirma Cleide.

"Quando nós começamos a ler o material, o SEE Learning tinha toda a fundamentação que a gente precisava pra justificar o tripé que nós queríamos sustentar com o Educa-te: pedagogia, psicologia e arte. Foi com o SEE Learning que nós compreendemos profundamente a dimensão e os domínios do que estávamos abordando. Foi aí que entendemos que essa teoria já fundamentava tudo na nossa escola". continua Cleide.

Terezinha conta que teve acesso ao material do programa antes de conhecer a Gaia+. Segundo ela, o conteúdo chegou em suas mãos através de uma parceira de trabalho, que havia feito um curso no Instituto Sidarta, em São Paulo. "A Cleide tinha esse desafio de criar um projeto na área de socioemocional e me convidou pra pensar junto. Foi aí que me lembrei de todo o material que minha parceira tinha tido contato no Sidarta e que tinha me passado. Então falei para a Cleide: 'não vamos inventar a roda, vamos beber na fonte, né?'", conta Terezinha. 

Aulas que facilitaram todo o processo

Com o material do SEE Learning em mãos, a dupla ainda estava preocupada, pois considerou que aplicá-lo em sala de aula seria complexo demais. Foi aí que encontraram a Gaia+ e o curso Aprendizagem para Corações e Mentes, o curso oficial do SEE Learning no Brasil. Se inscreveram e logo começaram a colocar em prática. 

"Em 2022, nós trabalhamos o que aprendemos com os diretores, coordenadores e supervisores das escolas. Agora, em 2023, estamos iniciando com as professoras, porque acreditamos que é um trabalho que vai sendo construído aos poucos e precisa passar por todos da escola", continua Terezinha.

O Educa-te hoje é o projeto de educação socioemocional que Cleide e Terezinha estão desenvolvendo no Colégio Nacional. "Nós fizemos toda a construção teórica do programa baseada no SEE Learning. E criamos personagens, porque nós vimos que nossas crianças gostavam de personagens, eram elementos de ligação importantes. Aí, nós revisitamos a fauna do cerrado, que é onde nós estamos inseridos, e criamos todos os protótipos dos animais com base nessa fauna", conta Cleide.

"As aulas com a Gaia+ foram essenciais, porque, a princípio, quando você vê o material, pensa que é uma coisa banal. Mas depois a gente começou a entender que a gente precisava desenvolver a competência intencional. A gente precisaria ter muito profundamente o conceito da concentração e outros princípios", conta a educadora. 

"Aqui a gente trabalha com metodologia investigativa e eu encontrei isso no SEE Learning, é científico, tem uma base teórica muito forte e passa pela contextualização, problematização, desenvolvimento e síntese", continua. "Aliás, tenho todo esse processo de busca de um programa socioemocional e construção do Educa-te documentado e adoraria dividir a experiência com a Gaia+", finaliza ela.