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Livro infanto-juvenil escrito por piauiense questiona estereótipos e preconceito

Resenha Literária

Edição N.º 21 - Outubro de 2022

Na edição passada da Revista Fique Bem, você conheceu Darcy Santos, uma mulher que é pura inspiração. Atualmente, Darcy trabalha como empregada doméstica em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. 

Aos 36 anos, formada em Letras e cursando uma pós-graduação em Linguística Aplicada, ela sonha e batalha pela oportunidade de lecionar para uma sala de estudantes. No auge da pandemia, Darcy Santos dividiu a sua rotina entre o serviço como empregada doméstica e o trabalho de recolher e reciclar latinhas, com a intenção de publicar o seu primeiro livro. E essa história emocionante virou matéria de jornal, revista e TV!




Acontece que, durante a nossa entrevista com Darcy no mês passado, a autora revelou à redação da Revista Fique Bem que poucos veículos da imprensa deram atenção a sua obra — priorizando contar a sua história de vida. Para a escritora, falar a respeito do seu livro é um prazer imensurável, até porque a obra conta um pouco sobre ela também.

 

Logo, na Resenha Literária de hoje, não podia ser diferente: vamos falar sobre o livro “O lobo solitário”, de Darcy Santos. Aproveite a leitura!

Quer ser o próximo a publicar sua resenha aqui?

Escreva para fiquebem@gaiamais.org. Boa leitura!


Conheça a obra e o autor de O lobo solitário — por Darcy Santos.

Se você resgatar na memória, e lembrar das histórias que embalaram a sua infância, talvez a Chapeuzinho Vermelho ou a história dos Três Porquinhos voltem ao seu imaginário. Em ambos os enredos, o vilão é o tal do lobo mau. Em outros contos e até mesmo em desenhos, o lobo é tido como malvadão da história. Mas será que alguém chegou a ouvir a história dele?

A obra “O lobo solitário” conta a história de Pélik, um lobo que vivia perambulando sozinho pelas florestas e vales. Nesse livro, ele não é tão mau assim. Aliás, dócil e amável, Pélik é vítima de preconceito, apenas por estar na pele de um lobo.

​“Quis fugir da lógica das histórias dos lobos. Em todas as histórias, o lobo é o vilão, a representação do mal. Só que, hoje em dia, a gente vê muitas pessoas que são julgadas, seja pela sua aparência, pelo seu gênero, por alguma ideologia, sem que os outros saibam o que há por dentro, qual é o sentimento da pessoa. Eu fiz esse caminho inverso e foi assim que eu criei o meu lobinho”, conta a autora, Darcy Santos.

No lugar de fala de uma mulher negra, nordestina, que trabalha como empregada doméstica em Goiás, Darcy conta que escreveu seu livro, pois gostaria de tratar da inclusão, de uma forma acessível. “Ele é literatura infantil, mas vai além. O adulto que o ler vai refletir sobre a vida, sobre a inclusão, e sobre a forma que ele se comporta com o outro”, afirma.

Na história, existem três personagens: o lobo, a ovelha e o porquinho. O lobo, protagonista do enredo, é solitário e excluído — até mesmo no seu círculo mais familiar. O porquinho é o medroso e a ovelha é quem dá espaço para o lobo ser quem ele puder ser. 

“Enquanto o porquinho está ali, medroso, morrendo de medo de ser o jantar do lobo, a ovelha é quem aparece dizendo ‘não, vamos dar uma chance, vamos conhecer esse lobo’. Eu sou mais a ovelha, que é persistente, e que gosta de dar uma voto de confiança para o lobo. Aquela pessoa que busca não julgar, antes de conhecer o outro”, revela Darcy.

Se você estiver em busca de um livro que possa ser trabalhado com alunos de diferentes faixas etárias, “O lobo solitário” é uma boa opção. Prepare-se para, de forma simples e profunda, abordar conceitos como a cultura do estereótipo e o preconceito. Os seus estudantes vão adorar a discussão!

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