Presidenciáveis dizem que educação é prioridade. Mas quais são as propostas?
Caneta Vermelha
Edição N.º 20 - Setembro de 2022
Quantas vezes você e eu já escutamos de uma candidatura política, seja o candidato de que partido for, dizendo que a educação será a prioridade no seu governo? Se você estiver contando, me avise. Afinal, eu já perdi a conta. A equipe de marketing de praticamente todos os candidatos já sabe o quanto é simpático aos ouvidos dos eleitores uma fala voltada à educação, mas será que não chegou a hora de, só para variar, as candidaturas apresentarem um plano de ação robusto e orientado à educação, além de uma promessa de que a pauta será prioridade?
Segundo informações do próprio jornal Folha de S.Paulo — que promoveu, junto ao UOL, à TV Bandeirantes e à TV Cultura, o primeiro debate entre os candidatos presidenciáveis — , na ocasião do debate, a palavra educação foi uma das mais repetidas entre os candidatos. Falada por 56 vezes, ela foi mais citada que o termo corrupção (repetido 41 vezes), economia (repetido 32 vezes) e saúde (repetido 14 vezes). Isso em ano de eleição que sucede dois anos de intensa mobilização por causa de uma pandemia. Mas será que a educação é mesmo a prioridade dos candidatos?
Nós que somos professores sabemos que não é só com o retorno às aulas presenciais que as escolas vão conseguir reverter os danos que a pandemia causou no âmbito da educação. A crise na educação, causada pelo período de isolamento social, passa pelas sequelas psicossociais que atingem os estudantes e os professores, agravou o problema da evasão escolar, e recuperar o conteúdo não incorporado pelos alunos durante o período de afastamento têm sido um verdadeiro desafio. Mas isso não é tudo.
Além dos impactos da pandemia na educação do país, precisamos falar sobre o que restou do Ministério da Educação (MEC) para 2022. Esvaziada, a pasta passa por uma gestão descontinuada, dado que, no atual governo, houve uma dança das cadeiras no comando desse ministério maior do que havia acontecido em qualquer outro governo. A pasta é alvo, inclusive, de investigações sobre corrupção. Bom, e é claro que ainda temos todas as questões que não vêm sendo resolvidas à anos, relacionadas à área da educação — aquelas tantas que eu e você já conhecemos. Não vamos listar aqui todos os pontos de atenção.
Mas o que merece a nossa atenção e, antes dessas eleições, queremos reforçar para você que lê a Revista Fique Bem, é que não basta, aos candidatos, dizerem que a educação é a prioridade do governo deles, se isso não se refletir no plano de governo. Investigue, se debruce sobre as propostas, entenda o que, de fato, está sendo planejado e - após a eleição - observe o que está sendo entregue. É nosso papel, como comunidade escolar, estar atento a essas questões e não nos contentarmos com um discurso simpático, mas sem planos concretos.